Entrevista com Nawal El Saadawi, quando lhe perguntam o que ela achava de mulheres do ocidente fazendo campanha contra mutilação genital feminina.
“- Você tem algum conselho para as mulheres no Ocidente que advogam pelos direitos das mulheres em outros lugares, sem permitir que essa questão dos direitos das mulheres seja instrumentalizada?
– Eu sempre digo que precisamos de solidariedade global e local – o que nós chamamos de “glocal”. Mulheres no Ocidente podem nos apoiar por combater seus próprios governos, porque seus governos são aqueles que interferem em nossa vida, por ir e invadir e colonizar outros países. Ninguém pode ajudar ninguém. Ninguém pode nos ajudar no Egito – nós fizemos nossa revolução sozinhos, nós nos libertamos sozinhos. Não acredito em caridade e “ajuda”. Acredito em igual troca de ideias, e atuar em redes.
– Você alguma vez tem medo quando você condena certas práticas como a MGF (Mutilação Genital Feminina) como “bárbaras”, essas condenações seram apropriadas por pessoas com uma agenda anti-árabe?
– Sim, podem usar isso contra nós, para dizer que somos bárbaros e precisamos ser colonizados e civilizados. Mas eles não olham para si mesmos: na Europa e América, as mulheres são circuncizadas mentalmente. As feministas que estão atentas sobre os efeitos do patriarcado compreendem que todas estamos no mesmo barco dos perigos do patriarcado, e que a opressão das mulheres é universal.”