Zine Consenso Sexual Lésbico

consensolesbozine consensa lesbica corrigida (pedir para ‘imprimir como livreto/folheto/booklet se tiver pdf. Se for linux tem que ser de outra forma, mais tarde explico)

+ capa

(ainda não juntei as duas, faço isso mais tarde)

“Zine sobre consenso sexual lésbico, misturando partes autorais com outras adaptações e inspirações em outras zines. Produzi para distribuir numa oficina de prevenção e visibilização de violência entre lésbicas, pra seguir bem de guia rápido de identificação de comportamentos.
A idéia é que sirva tanto para que nos pensemos como agressoras e evitemos os comportamentos mostrados, como para tomarmos consciência e assertar nossos limites. A idéia do zine e de promover essas ferramentas não é como individualismo liberal, como se empoderando a pessoa para colocar os limites seja suficiente, pois não depende só de um momento de zine para desconstruir toda uma trajetória de feminização e desempoderamento de vida, além de questões estruturais mais amplas (violência masculina sistemática) ou de ordem traumática, porém pode ser um começo. Não cabe as vítimas ‘se empoderarem’ e sim as agressões serem paradas e nos responsabilizarmos de mudar condutas. Empoderamento é um processo coletivo e muitas vezes longo. Também penso que podemos nos localizar seja nos lugares de perpetradoras seja no de agredidas, sendo a questão da violência e como a reproduzimos complexa.

Trago a reflexão sobre prevenção e responsabilização porque penso que as dinâmicas de flerte não-positivas ou de relações possessivas e chantagistas estão demasiado naturalizadas, cabendo a nós indagá-las e repensá-las para construir novos referenciais, saudáveis, de nos relacionar e cuidar. Penso que o tema das agressões/relações complicadas entre lésbicas é invisível ainda, assim como há invisibilidade lésbica. Acho que deve ser trabalhada pela comunidade lésbica, por isso não acredito em abordagem penal [1] nem em estigmatização destrutiva das pessoas. Acho que existe dois tipos de agressora: as que reconhecem e que desconheciam até então que comportamentos podiam ser violentos (pois podemos reproduzí-los seja porque vivemos em lares violentos, aprendemos essas linguagens, seja porque nos identificamos com o agressor ao sermos abusadas ou agredidas, seja porque se naturalizava até então, por conta de romantismo que se pauta na idéia de conquista e insistência…) e as que não reconhecem e negam qualquer autocrítica. A gestão das situações de violência deve ser oportunidade para se pensar e refletir sobre. Dizer que algumas pessoas realmente “erraram” não é minimizar a situação nem o dano que promove. Somente penso que se exortamos nossos demônios pra fora como se fossemos todas perfeitas, e as lésbicas que reproduzem agressões e comportamentos complicados fossem um monstro dos mitos e meios jornalísticos, não o pensamos como parte do funcionamento de uma comunidade e entorno comum e logo não é por meio do escrache de uma lésbica que a gente vai garantir uma comunidade livre de abusos. Demonizamos e vilanizamos sujeitas e achamos que resolvemos o problema expulsando ele pra fora, mas todas podemos cometer agressões uma vez que nascemos num heteropatriarcado e estamos em um trabalho contínuo de nos desfazer dele.

Havia feito primeiramente com linguagem inclusiva porque achei que consentimento tinha que incluir o “respeito às identidades” e para dialogar com a pluralidade de pensamentos dentro do feminismo, mas como eu venho sendo crítica das categorias de análise propostas pelas políticas de identidade, e de forma a expressar meu  compromisso com mulheres e lesbiandade como projeto político e não identidade, eu retirei. 🙂 É só pra sapatão e mulher mesmo, logo é um zine específico.

Mais importante: a zine tá aberta a questionamentos e críticas e contribuições, principalmente se pensam que mais coisas poderiam ser agregadas a ela que tenham faltado, ou se querem questionar  e refletir a questão. Contatem hembrista @ riseup.net

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[1] A não ser que o caso seja muito grave e precise dos meios legais e institucionais para ser parado. Tudo depende do que decida sobrevivente e com apoio de seu entorno. Mas acredito que são casos realmente graves que se deva apelar a qualquer meio judicial, ainda assim não creio na abordagem punitivista e sou completamente contrária ao escrache de lésbicas, acreditando que precisamos desenvolver uma forma não-heterocentrada de abordar os nossos problemas entre lésbicas.