por Molly Tov
Então, dizem que o trabalho de uma mulher nunca termina, e aqui estou eu escrevendo um artigo que um homem deveria estar escrevendo. Começo a achar que isso é verdade mesmo.
As mulheres têm sido analisadas, faladas, contidas, ridicularizadas, caladas, usadas, abusadas, e estupradas por nossos ‘irmãos’ homens auto-intitulados anarquistas e auto-proclamados revolucionários. Todos homens anti-sexistas prontos para pular em cima de um comentário sexista de alguma outra pessoa quando estão em um agrupamento anarquista, mas deixarão escapar quando não estiverem perto de seus amigos não tão ‘P.C.’ (politicamente corretos). Os homens que vocalizam sua agressão contra violadores, mas quando suas amantes dizem não, coerção é simples, e não é um estupro, porque ele é um ANTI-SEXISTA. Há homens que usam conversa anti-sexista para pegar mulher. Os homens que desafiam os outros a chamarem atenção sobre suas merdas e quando alguém o faz, ligam o modo defesa e ele está horrorizado que alguém pudesse dizer que ELE estava fazendo merda, ao invés de pensar sobre a situação e começar a trabalhar nela.
Todas nós sabemos que todos homens são sexistas, assim como todos brancos são racistas, por causa da nossa sociedade, pessoas brancas ainda possuem privilégios sobre pessoas de cor e homens ainda possuem privilégio sobre mulheres, e uma vez nascida neste processo é incrivelmente difícil de quebrá-lo, especialmente quando você esquece de olhar pra si mesm*. Uma vez que homens poêm a tapa em si mesmos de “REVOLUCIONARIO”, eles pensam que uma vez que eles sabem que um problema existe, que não serão mais parte dele, o qual eles são.
Como sempre antes e agora, sexismo é um tema secundário. Parece que tudo está sendo deixado em uma ordem de importância – feita por quem? – É algo como “Primeiro vamos lutar contra o racismo, porque já sabemos surrar os nazis, e então depois talvez vamos pensar sobre sexismo, capitalismo, ou homofobia, qualquer um destes que menos afete nossos privilégios. Depois disso depois que houver tempo, e não mais cerveja, podemos ler sobre especismo, etarismo, ou discapacidade. Se nós somos legais nós vamos aprender um pouco sobre tudo isso para aprimorar nossas habilidades para o próximo encontro.”
Que raios aconteceu com a porra da igualdade? Como foi que alguns “ismos” se tornaram mais importante que outros, você se pergunta? “Como ser maneiro na cena política, e manter tanto privilégio quanto for possível” (busque agora na sua livraria corporativa mais próxima).
É triste quando chega ao ponto em que nós não queremos mais pensar em ninguém mais além de nós mesm*s ou no status quo P.C. O que me traz de novo à conclusão de que todos esses homens ‘feministas’, que se preocupam tão amavelmente com as mulheres (ou ao menos em fodê-las), até que isso afete seu privilégio, se importam. Que eu desafio os AUTO-PROCLAMADOS homens anti-sexistas a realmente pensar sobre, quão longe as palavras que eles falam tão bem, irão talvez tentar perguntar a seus-suas melhores amig*s ou amantes quão sexistas eles são.
Esse artigo ofendeu você já? Você usa seu conhecimento da opressão de outros para fazer uma mudança ou apenas para causar boa impressão? Você se sente desafiado quando uma mulher fala? Já supôs que é ok tocar alguém? Já se incomodou quando uma mulher pediu que você confronte sua merda sexista? ok, foda-se, você escolheu o termo ‘revolucionário’, não eu.
Até que nós comecemos a ver a nós mesm*s como o problema (como parte do problema), e até que tenhamos realmente começado a falar e escutar un*s a outr*s sobre nossos problemas e trabalhar neles, mudança revolucionária permanecerá sempre como um sonho distante.
Então a última questão que fica, quantos artigos levam para que homens comecem a trabalhar na sua merda? Não está você cansada de escutar e ler sobre isso (se eles sequer tomaram algum tempo nisso)?
Talvez Smith e Wesson[1] façam um trabalho melhor??
Ao menos parem de considerarem-se revolucionários. VOCÊ NÃO É MEU CAMARADA.
publicado na revista anarquista ‘Profane Existence’
[1]Esse é um slogan e ao mesmo tempo, uma marca de armas de fogo.