DENÚNCIA agressão sexista: casa mafalda

Difundimos a carta aberta denunciando agressão sexista. A carta foi difundida em forma de panfleto na feira do livro anarquista que ocorreu 3 e 4 de novembro de 2012 em São Paulo-SP:

 

Cuidado ao se relacionar com Autônomos e Autônomas F.C. e Casa Mafalda:

Não são espaços seguros, sobretudo para mulheres. Por conta de uma violência pessoal via e-mail de que uma companheira foi alvo, soltamos este alerta. A violência verbal e psicológica foi causada por membros do time Autônomos F.C. e foi apoiada por diversos outros membros e membras do time e da Casa Mafalda. A desmoralização da companheira e de seu ativismo, bem como dúvida da veracidade do seu relato, ocorreu logo após sua denúncia pública e a preocupação geral interna dos coletivos citados foi em “explicar melhor” o que o agressor tinha feito por meio do descrédito, e não amparar e compreender a companheira que foi agredida. A violência verbal, aquela em que são usadas palavras para ofender moralmente alguém, muitas vezes é desconsiderada, levada como “brincadeira”, etc, mas deixa cicatrizes como qualquer outro ataque físico. Nos meios libertários, nos últimos anos, ocorrem muitas outras violências contra mulheres que resultam geralmente em auto-exclusão das agredidas e sem o suporte desse movimento. Vemos como uma obrigação tornar isso público pois sabemos que o anarquismo, se não levado à prática do dia-a-dia, é uma teoria que fica presa nas páginas dos livros. Enquanto anarca-feministas, não iremos tolerar a morte política de nenhuma companheira como preço da reparação de agressores. Repudiamos e nos retiramos dos espaços do Autônomos e Autônomas F.C. e Casa Mafalda pois não iremos pagar para ver outras violências e não iremos gastar nossa energia política em um espaço que não consegue ao menos manter respeito interno na convivência entre ativistas.

“Aquelxs que despertam são o pesadelo daquelxs que ainda dormem.” Tiqqun.

Repúdio a agressão machista no Autônomos e Autônomas FC

Na lista de troca de e-mails do autônomos, uma companheira foi agredida e ameaçada diversas vezes por parte dos integrantes Jacob Garraway e Raphael Sanz (Clashr), recebendo respaldo aberto ou conivência silenciosa pelos demais integrantes do time. Consideramos agressão machista os termos referidos à companheira, como: “Feminazi” e “misógino é o meu pau preto! Nazi do caralho”. Consideramos ameaça a segurança e integridade física da companheira falas como: “acha que eu te ofendi? Agora sim que eu tava na pilha de te ofender. / Isso pode ficar ainda muito pior.”

Claramente ameaçada, a companheira redigiu uma carta aberta explicando sua retirada do espaço. Imediatamente foi-se articulada uma rede masculinista de apoio aos agressores por meio de uma carta-resposta, que em momento algum, apresentava uma auto-crítica consistente e reflexiva diante do ocorrido. Em vez de questionar a postura machista e a incoerência política dos agressores, o discurso foi todo direcionado a atacar a companheira e questionar sua legitimidade. Na mesma carta foram veiculados o nome e sobrenome da companheira e de sua irmã, que foi compartilhada e repassada em blogs, sites e eventos com 2 mil pessoas no facebook. Essas ações tiveram o claro intuito de expor a companheira e deixá-la vulnerável a qualquer tipo de ataque, desde a morte política à morte física.

Reproduzindo o sexismo presente na nossa sociedade, o Autônomos e Autônomas FC e a Casa Mafalda partilharam da lógica de que as mulheres devem se manter afastadas dos espaços políticos, e se inserida neles, é preciso participar como figurante agindo sempre de forma que não retire os homens de sua zona de conforto, que tem como sustentáculo o nosso silêncio frente a opressão machista. É daí que surge o termo “feminazi” criado e utilizado pela reação machista que visa domesticar e submeter nossa vontade aos seus desejos e tiranias patriarcais, a fim de que exerçamos nosso feminismo e nossa voz nos limites impostos pelos homens. Em todo momento, o intuito dos agressores, dos coniventes silenciosos e dos apoiadores foi fazer a companheira se calar e temer. Temer por ter usado sua voz, por ter sido protagonista em um espaço de dominância masculina.

As inaceitáveis atitudes tomadas pelos membros do autônomos e apoiadores transmitem uma mensagem misógina muito clara a todas mulheres: quem resistir a tirania machista será ameaçada, exposta e agredida.

De tal forma, que o Autônomos e Autônomas FC e Casa Mafalda serão agora considerados por todxs que assinam essa carta, como um espaço inseguro e ameaçador para mulheres.

Este caso não é pontual, articula-se com um processo mais amplo na relação de machismo dentro dos espaços ativistas e meios libertários. Cada vez mais mulheres têm rompido o silêncio e denunciado agressores nesses espaços: como Xavier (Rafael Muniz Pacchiega) do MPL, Rádio Várzea e PassaPalavra.org, o anarcopunk Fefê e o Gustavo Oliveira da Okupa J13 e da banda Nieu Dieu Nieu Maitre.

É sabido que a reação normativa a essas denúncias é encabeçada por uma rede corporativista machista que tentam acobertar esses casos, isolando politicamente a mulher alvo de opressão, deslocando o debate para o método utilizado na resistência; e não no machismo do agressor, enquanto paralelamente o defende. A reação às denúncias visam sempre restabelecer a ordem hetero-patriarcal.

O argumento mais utilizado é que tais denúncias enfraquecem a luta em questão. Colocamo-nos inteiramente contra esse pensamento maniqueísta e manipulador, que posiciona de forma hierárquica e excludente as relações de opressão. O feminismo não é apêndice e não vem a reboque de nenhum outro movimento, apesar de estar relacionado intrinsecamente a todos eles.

Quem afirma que a denúncia anti-sexista enfraquece um movimento, está afirmando que o mesmo tem como coesão e base a violência contra as próprias ativistas. Está afirmando que o movimento precisa do machismo e da misoginia para existir. “Enfraquecer” o movimento é um argumento oportunista que visa à manutenção da dominação masculina nesses espaços.

Na medida em que são agentes ativos de opressão, indivíduos que lutam veementemente para a manutenção de seus privilégios enquanto machos de uma sociedade hetero-patriarcal capitalista, jamais poderão ser agentes válidos para a libertação de nada.

Repudiamos as agressões machistas infligidas contra a companheira pelos Autônomos e Autônomas FC e Casa Mafalda, assim como toda a rede de solidariedade que foi articulada em apoio aos agressores Jacob e Raphael. Exigimos retratação pública imediata da Casa Mafalda e do Autônomos e Autônomas FC, não só pela carta-resposta como pela conivência sexista na época do ocorrido.

MEXEU COM UMA MEXEU COM TODAS!

NENHUMA AGRESSÃO FICARÁ SEM RESPOSTA!

Assinam:

Rede de Feministas Autônomas

Coletiva AnarcaFeminista Marana

Coletivo Minas Terrestres

Razões pelas quais eu não vou na Marcha das Vadias

por Rebecca Mott, escritora, feminista radical e sobrevivente de prostituição. Site pessoal: rmott62.wordpress.com

A Marcha das Vadias pode parecer uma forte ação feminista, mas para mim, como ex prostituta, parace uma forma negativa de lidar com a violência masculina contra todas as mulheres e meninas.

Não acredito que se apropriar da palavra “vadia” faça com que os homens agressores percebam algo de errado em seu comportamento, pelo contrário, se encaixa no jogo deles. Usar o termo vadia é se enquadrar naquilo que homens abusivos querem que as mulheres sejam. Chamar uma mulher ou menina de vadia é comumente usado para mantê-la como objeto sexual dos homens. Chamar uma mulher ou menina de vadia é usado para mantê-la heterosexual e não liberada, e que ela existe para agradar os homens.

Se apropriar da palavra vadia não faz com que a história simplesmente desapareça.

Mas pra mim como ex prostituta, duvido muito que as razões por trás da Marcha das Vadias – que foi tão rapidamente adotada por liberais e muitas vezes por feministas pró trabalho sexual – sejam em função de que ser vadia é considerado “trabalho” dentro do mercado do sexo.

Maravilha, outro truque para fazer desaperacer a violencia contra as mulheres que estão no mercado sexual, já que esse é o trabalho delas, e portanto não pode ser considerado violencia masculina, mas sim o papel da prostituta.

A Marcha das Vadias está nos interesses das mulheres privilegiadas que podem brincar com o papel de vadia, se vestir como uma puta, exibir cartazes com dizeres como “Vadias Dizem Sim”, que imaginam que as mulheres no mercado do sexo são empoderadas quando elas nos chamam de irmãs.

A Marcha das Vadias diz que o estupro é ruim quando feito contra mulheres e meninas”de verdade” independente do que elas vestem e onde vão. Mas ignora fortemente o estupro e a tortura sexual que acontecem diariamente contra as mulheres e meninas que estão no mercado do sexo.

Isto é ignorado – pois na visão da Marcha das Vadias isso é só trabalho – então não devemos julgar e nem mesmo nos aprofundarmos.

Algumas mulheres na Marcha das Vadias pensam que é radical se vestir com o estereótipo que elas tem da Vadia, ou com a versão cartunizada de uma puta. Elas podem chamar isso de burlesco, mas para as ex prostitutas isso é um insulto.

Se vestir como puta pra noite é frequentemente feito de uma posição de alto privilégio. Você se veste assim porque acredita estar segura, e se você for estuprada isso será um ultraje.

Fazer de conta que é uma puta não é ser uma puta.

A maioria das mulheres e meninas prostituídas não estão protegidas do estupro, não é um ultraje quando isso acontece – suas roupas e por onde andam são problemas menores comparados a viver numa sociedade que ignora seus sofrimentos, e usa sua imagem somente para fazer festa.

Além do que, como você ousa vestir-se com os estereótipos de puta que a maioria das prostitutas estão tentando se livrar. Na verdade você está mostrando seu privilégio.

Claro que eu acredito que nenhuma mulher ou menina deva ser estuprada em nenhuma situação, não importa o que ela esteja vestindo.

Mas a Marcha das Vadias está evitando o problema de que os homens que decidem estuprar irão estuprar mulheres e meninas não importando o que ela usa ou a situação que ela se encontra.

É o direito masculino de acreditar que todas mulheres e meninas não são nada além de objeto sexual que é a questão – é o ponto de vista do homem que mulheres e meninas podem ser pegas e estupradas sem sérias consequências pra ele, que é a questão.

Não é sobre as mulheres tentarem dar um jeito de se conformarem o suficiente para que homens agressores possam mudar seu comportamento – é sobre lutar por justiça e castigos severos que acabem com a violência cometida pelos homens.

Eu irei para o Reclaim the Night* – mas a Marcha das Vadias não faz nada por mim nem justiça para as prostituídas.

Rebecca Mott, 1º de Maio, 2011tradução por ação anti sexista, Porto Alegre.

*“Retome as noites” é um ato organizado por feministas que existe desde os 70 nos países de língua inglesa e que começou com protestar contra a cultura de estupro. Feministas marchavam a noite por causa da idéia comum de que ‘não ande em uma rua escura a noite pois poderá ser estuprada’. As marchas continuam sendo realizadas até hoje em muitos países. No Brasil houveram alguns em Brasília, Florianópolis e Curitiba, consistindo em intervenções urbanas. (nota da difusora).

Sobre a ação direta feminista [em situações de agressões sexistas]

capítulo extraído do dossiê “Tijera para todas: Textos sobre Violencia Machista en los Movimientos Sociales” (Tesoura para Todas: Textos sobre violência machista nos movimentos sociais)

baixe o pdf “tijera para todas – sobre ação direta feminista”.

Ao longo dos últimos meses, algumas mulheres tivemos que adequar nosso ócio noturno à realização de ações diretas feministas que consistiram, principalmente, na expulsão (ou tentativa de expulsão) de agressores (concretamente de um agressor, conhecido pelo apelido de Fer) de espaços públicos.

Consideramos legítima esta ação especialmente quando se leva a cabo em um ambiente político, como foi o caso. Ainda assim, durante os dias seguintes, nos deparamos com reações de surpresa, alarme e, em algumas ocasiões, questionamento, assim como algumas interpretações errôneas da ação e de seus objetivos. Isto nos faz pensar que talvez nos últimos tempos, nos movimentos sociais de Barcelona se está perdendo (possivelmente por falta de costume) a sensibilidade feminista que permite compreender em seu contexto e em sua justa medida ações como esta. Por isso gostaríamos de convidar os diferentes grupos a nos acompanhar em uma reflexão sobre o porquê e o como da ação direta feminista.

Por quê?

As agressões sexistas, os assédios, os estupros são formas de opressão patriarcal que ocorrem constantemente em nosso cotidiano e em nossos espaços políticos e se amparam em múltiplos apoios que têm a ver com as inércias sociais como um bom ambiente, o contexto festivo, as drogas e a ideia de que o que ocorre nesses contextos faz parte de um âmbito privado e não político, em que tudo vale. Este conjunto de elementos funciona como legitimador das condutas dos agressores e, portanto, deslegitimador dos possíveis sentimentos de mal-estar, protesto ou resposta da agredida e permite que estas formas de violência continuem silenciadas, minimizadas e continuem produzindo-se cada vez com mais impunidade.

A partir de uma perspectiva anti-patriarcal, estes tipos de ações não são casos isolados, mas sim fazem parte de uma forma de violência estrutural e, portanto, exercê-las é exercer uma forma de violência amparada em um privilégio social. Denunciá-las e combatê-las é uma forma de fazer política. Aceitá-las e justificá-las também é então um posicionamento político no sentido oposto.

Como?

Identificando-as, indicando-as, tornando-as visíveis já no momento em que acontecem e não quando suas consequências se manifestam.

Alguns exemplos?

Se em um contexto de festa uma mulher está sendo assediada, primeiro comunica seu mal-estar ao agressor incitando-o a desistir de sua atitude. Se este não responde, a mulher comunica o que está acontecendo a seu grupo de afinidade e este, em função do grau de hostilidade do sujeito, insiste para que ele abandone seu comportamento ou diretamente o expulsa do espaço.

Se neste mesmo contexto se produz uma agressão sexista, primeiro se protege a mulher agredida da violência que se está exercendo sobre ela. Uma vez criado um espaço de segurança para a mulher, ela decide como prefere gerir a situação e, a partir daí, sempre em função de seus desejos, se atua de maneiras diversas.

Se, como é o caso que motiva este texto, um grupo de mulheres está em contexto festivo dentro de um espaço político e se encontra nele com o agressor de uma companheira, presente ou não, (isto é irrelevante porque “se mexeu com uma, mexeu com todas”), uma delas se dirige ao agressor e lhe comunica que:

a) Sabe que ele é um violador.

b) Dado que é um violador, sua presença no espaço de luta política que inclui a luta feminista é non grata (é como se Núñez e Navarro estivessem em uma festa em um centro social okupado dançando “Eu sou assim, e assim continuarei, nunca mudarei…”)

c) Ante o anteriormente exposto e a consequente falta de respeito que sua presença supõe para a consciência política das presentes, ele deve abandonar o espaço.

Se o agressor expressa sua absoluta recusa em abandonar por seus próprios pés o espaço, o grupo de mulheres passa a fazê-lo abandonar o espaço rapidamente, com o menor prejuízo possível para o resto das presentes e explicando sempre às pessoas que organizam a festa e a quem pergunte o que é que está acontecendo e porque.

Esses são só alguns exemplos que esperamos sirvam para ilustrar o porquê e como da ação direta feminista para eliminar as desconfianças e receios que estas ações podem produzir em quem não dispõe de dados suficientes, assim como para que estas dinâmicas se integrem no funcionamento de nossos espaços cotidianos e centros sociais.

Mexeu com uma, mexeu com todas!

Unas/LasOtras

Anarquia ou Patriarquia?

Entre 8 a 10 de maio de 198, La Gryffe, uma livraria anarquista em Lyon (França), organizou uma jornada anarquista. Estes três dias significaram a oportunidade de um “acerto de contas com o movimento social, as formas de luta, o movimento anarquista desde o maio de ’68 e pensar sobre os recursos futuros para agir sobre o mundo”.

baixe o pdf “Anarquia ou Patriarquia?”

Esses três dias iluminaram um paradoxo no movimento anarquista. O questionamento da sociedade em seu todo continua em realidade limitado a questionar a esfera ‘pública’, a única considerada como política. Lamentavelmente é evitado fazê-lo via questionando o que acontece no ‘privado’, a esfera ‘pessoal’ (seja dentro de grupos militantes assim como no individual doméstico) continua sendo considerada não-política, e mesmo não-social… Como se, de um lado, houvesse indivíduos cuja psicologia, comportamento e relações fossem determinadas separadamente da sociedade e relações sociais e pessoais, por meio da ‘livre vontade’ e, por outro, relações sociais, aparentemente assimiladas a abstrações, esvaziem-se de qualquer significado uma vez que elas estão esvaziadas de indivíduos.
A despeito de um desejo declarado de abertura com relação à luta contra o patriarcado dos organizadores destes três dias de discussão, nós experimentamos, no entanto, uma negação da opressão das mulheres e uma estigmatização do movimento feminista não-misto que denuncia essa opressão. Esta foi a motivação para o desafio feminista expresso durante a reunião da plenária na tarde de sábado.

Como isso ocorreu?
Você disse… violência institucional?

Durante o debate sobre “violência institucional na comunidade ativista”, na Sexta, a questão do poder masculino foi abordada bem superficialmente. Em resposta, diversas intervenções por mulheres tenderam a demonstrar que a ‘liderança militante’ é quase sistematicamente exercida por homens. O problema de poder masculino foi igualmente e abertamente negado (certas pessoas disseram que as mulheres que se manifestavam estavam ‘mudando de assunto’), sustentando-se através de tentativas de justificação, com argumentos como esses a seguir:
– A necessidade de transmitir e/ou compartilhar conhecimento militante e político, implicitamente entendido como possuído, claro, por ativistas ‘treinados’ ou ‘experienciados’, portanto, pelos líderes presentes. Como esses líderes são 99,9% homens, este argumento implica que o conhecimento seria exclusivamente detido pelos homens, enquanto mulheres seriam ‘mais práticas’ (sic). Mas como é que nunca existem ativistas mulheres ‘treinadas’ e ‘experienciadas’?
O conceito de servidão voluntária, que absolve os dominantes (homens, brancos, heteros…) de sua responsabilidade, transferindo-a para @s dominad@s. Assim, a opressão se torna pessoal, psicológica, e, dessa forma, um problema não-social.
Nós podemos observar como, nesta questão da opressão das mulheres, muitos anarquistas defendem que cada indivíduo deva ESTRUTURAR A ELA OU ELE MESM@ fora das relações sociais de gênero. Por outro lado, eles não negam que outras relações sociais definem indivíduos em suas relações um@s com outr@s.
“Eu sou anarquista, logo sou anti-sexista”. Mas que forma toma esta luta anti-sexista? Que demandas são vociferadas mundo afora? Que vigilância demonstramos para com os padrões opressivos dentro dos grupos? E que questionamentos pessoais ela permite? O número mínimo de ações que podem ser organizadas são principalmente reflexivas da esfera pública e nunca são inter-relatadas; elas não integram as formas de opressão prevalente na esfera privada e isso também beneficia homens anarquistas… Isso leva à exclusão do todo-importante conceito feminista ‘o privado é político’.
As noções de sexismo e luta anti-sexista como elas são usadas no movimento anarquista, absolutamente não tomam conta da existência do patriarcado, isto é, uma relação social de dominação (e portanto, de opressão) exercida pelo gênero masculino contra o gênero feminino. Esta visão do sexismo parece limitada à discriminação baseada no gênero, nada mais: no entanto, na sociedade, não há apenas discriminação baseada no gênero, mas também posições sociais assimétricas baseadas no gênero. Nós muhleres e homens não somos assignad@s aos mesmos lugares hierárquicos na sociedade. A forma corrente de anti-sexismo anarquista não é suficiente porque apenas toma em consideração uma parte do problema, e muitas vezes serve para mascarar sua vera fundação. Esta forma de anti-sexismo de fato recusa-se a reconhecer – contrariamente ao feminismo – uma opressão específica de mulheres por homens, uma opressão que difere se as mulheres são lésbicas, bi ou heterossexuais. Este anti-sexismo reduz opressão à alienação, uma que poderia ‘igualitariamente’ ser aplicada a homens e mulheres.

Organização não-mista de mulheres à prova !

Sexta à tarde, tivemos que aguentar respostas hostis ao separatismo durante a projeção do vídeo ‘Crônicas Feministas’ em um cenário não misto. Essas discussões continuaram no dia seguinte durante o debate não-misto de mulheres em anarcofeminismo.
Durante o debate, QUEM ESTAVA ESCREVENDO A HISTÓRIA?
“1968 e depois, trinta anos de movimentos sociais” – Esta discussão ofereceu-nos três ou quatro ‘líderes históricos’, mas nenhuma pessoa para expressar a experiência de um dos movimentos sociais mais importantes daquele período: o movimento de libertação das mulheres. Nós podemos pensar que, mesmo se isso não era intencional, aí ocorreu a reprodução da marginalização das lutas de mulheres nesta programação.
Mas, durante o debate sobre a ordem patriarcal, sábado pela tarde, que as reações anti-feministas foram as mais violentas e provocaram a nossa resposta: do nosso ponto de vista feminista, era impossível ignorar tal backlash 1. O que presenciamos foi em realidade um JULGAMENTO em vez de um debate. Sua vera forma fez deste debate um ato de agressão e de condenação da nossas práticas de luta, viz.:
– o uso de exemplos anedotais para generalizar a questão feminista e as lutas lésbico-feministas;
– homens usando palavras de mulheres opostas às reuniões mistas de modo a dividir-nos mais uma vez, e de maneira a condenar seu anti-feminismo enquanto estabeleciam a eles mesmos em uma posição de árbitro.
Este debate serviu para negar nosso comprometimento e a legitimidade das nossas análises; um desejo de calar-nos estava claramente expresso.
Denunciar e atacar a não-mixticidade de mulheres, como foi feito aqui, era também uma maneira de sugerir que uma mixticidade real existe. Ainda assim, nós acreditamos que a mixticidade é uma ilusão: ou ela é quase não-existente (nos locais de trabalho, na escola desde as primeiras orientações de escolhas, nas organizações políticas, nas uniões…), ou, naquelas raras ocasiões onde ela ocorre, é inequalitária, isto é, uma minoria de homens está ocupando o centro, enquanto mulheres são mantidas na periferia, reduzidas a um papel de espectadoras, um papel de segunda-classe, atada às normas definidas por estes homens e para o poder masculino do qual eles são depositários. Esta primazia a-crítica concedida à mixticidade também nega a necessidade d@ oprimid@ de organizarem-se eles mesmos contra sua opressão e seus opressores… Que @ oprimid@ deveria se tornar s SUJEITS das suas lutas é contudo um princípio anarquista; muitas de nós achamos impossível e inútil manifestar-nos e tentar justificar algo que não deveria exigir justificação: a maneira como este debate tomou lugar ilustra as relações de poder criadas em um cenário misto, fazendo disto então algo muito melhor que qualquer argumentação.
Homens reclamam de se sentirem excluídos pela não-mixticidade das mulheres, quando dada a oportunidade de lidarem com a questão da mixticidade sob o tema ‘a ordem patriarcal’, eles desviaram o debate dirigindo-o e limitando-o à acusações niveladas à mixidade. Isso bem representa a necessidade de encontros de mulheres não-mistas para REALMENTE trabalhar CONTRA a ordem patriarcal!
Conseqüentemente, nós decidimos em um processo coletivo preparar uma intervenção durante o último debate no sábado sobre ‘o futuro do movimento anarquista’. Para nós esta era a oportunidade de desafiar os poderes aí postos: aqueles dos homens, aqueles dos líderes…

Que futuro anarquista para o movimento anarquista?

Homens convidados a falar foram seguidos um após o outro no podium, formulando versões oficiais da história, políticas e a estratégia de suas organizações… nenhuma única mulher, nenhuma lésbica sequer no horizonte da HIStoria 2…
Nossa primeira ação foram placas dizendo ‘VIOLÊNCIA SEXISTA’ e um pôster questionando ‘É ESTA UMA REUNIÃO NÃO-MISTA?’ junto a outros placares de um humor cáustico porém, realista. Nós queríamos ilustrar, de uma maneira simplificada por razões materiais, uma decodificação simultânea dos pertinentes discursos dominantes e como eles estavam funcionando ali. Um outro cartaz dizendo ‘COM VOCÊ, COM A GENTE’ foi dirigido à crítica das mulheres à não-mixticidade.
A despeito de algumas observações provocadas pela nossa presença (bem eloqüente, enquanto nós permanecíamos em silêncio), o debate foi adiante como se a gente não existisse. NÓS EXPERIENCIAMOS SER TORNADAS INVISÍVEIS ASSIM COMO É A SITUAÇÃO DAS MULHERES, LÉSBICAS E A LUTA.
Nossa segunda ação: mover-nos da periferia para o centro da sala. NÓS QUERÍAMOS TOMAR NOSSO LUGAR NO CENTRO DO ESPAÇO PÚBLICO COMO UMA MANEIRA DE OFENDER. Aderem à nossa iniciativa outras mulheres presentes no salão. Se a gente falava umas entre as outras, isso era para tornar visível o fato de que em ‘geral’, homens falam entre eles mesmos. A tensão cresceu e um homem gritou para a gente: ‘sectárias’, facistas’, ‘gurias de merda’, ‘lésbicas’… Pior, encontramos a nós mesmas sendo acusadas de manipulação por mulheres dentro do nosso grupo, pela então chamada recusa de comunicar-nos e sectarismo. Estes são instrumentos tradicionais de poder, usadas pelos dominantes para manter e reafirmar sua dominação: eles simpesmente usam contra nós a crítica que dirigimos a eles. 3 Maior parte dos homens anarquistas se recusaram a incluírem a eles mesmos no grupo dos opressores, muito embora alguns logo admitiram que esta realidade é o único ponto de partida que podia permitir um questionamento deste papel e o da sua participação na manutenção do patriarcado.
Finalmente, certas pessoas estigmatizaram o nosso então chamado ‘desejo de sabotar o debate’, clamando que sentiam que o debate do futuro do movimento anarquista não podia tomar lugar ‘normalmente’… . É auto-evidente que nós lamentamos que certos outros debates (notadamente aquele sobre o Patriarcado) não podia tampouco tomar lugar ‘normalmente’… E nossa intenção era, notavelmente, despertar a consciência, neste debate, sobre o lugar das lutas feministas no futuro do movimento anarquista. Assim, a nossa intervenção era totalmente relevante para as questões em debate.

Uma profunda ação anarquista

Esta ação era baseada em uma motivação comum, mas seu desenvolvimento foi completamente espontâneo, assim como a escolha das mulheres que se juntaram à nós, e foi inteiramente dependente das reações do público. Isso poderia havê-la feito sair totalmente diferente…
Nossa ação feminista permitiu-nos gerar uma série de questões com relação ao compromisso e práticas anarquistas:
– Não seria a análise da dominação masculina, da opressão das mulheres e da lesbofobia um trabalho individual e coletivo de todos homens e todas mulheres? E qual é a significância das explicações ou justificações serem sistematicamente demandadas das feministas?
– Como podemos refletir sobre a articulação das diferentes lutas quando nenhuma delas é percebida como uma questão ‘específica’? Não apenas recusamos a noção de uma hierarquia de lutas, mas também consideradas essenciais como uma visão transversal da realidade social e política.
– Como percebemos o relacionamento entre as relações sociais e individuais? Que ligações reconhecemos entre o pessoal e o político? Como são as relações coletivas produzidas e reproduzidas no espaço privado ou pessoal? Como pode um indivíduo, um sujeito individual, fazer escolhas em uma sociedade que é construída em categorias e classes desiguais?
E sempre, Feministas, enquanto for necessário sê-lo!
Coletivo de mulheres, feministas e lésbicas envolvidas na ação feministas organizada durante os dias anarquistas de 8 a 10 de Maio em Lyon (França).
De, “Léo Vidal”
Data: Sábado, 22 de Agosto de 1998.

NOTAS:
1 Backlash: reação, refluxo, palavra usada para designar as reações aos progressos nas lutas feministas num plano coletivo ou estrutural, por parte das mídias, cultura de massas ou dentro de movimentos e até mesmo novas tendencias no feminismo, como seria o caso do pós-modernismo.
2 HIStória no contexto do texto está sendo usada para referir-se a ‘História dos homens’ ou seja, sua versão, já que “His” em inglês traduz-se por DELE. ‘História dele’. Feministas inventaram o termo ‘Herstory’ em inglês para desconstruir o sexismo da língua ressignificando história como ‘Nossa história’, ‘história dela’ (Her-Story).
3 A tão chamada ‘opressão reversa’
tradução e revisão coletiva online

https://apoiamutua.milharal.org – apoiamutua@riseup.net

“Documento de Trabalho de Responsabilidade Comunitária (Princípios, Preocupações, Estratégias, Modelos)” INCITE! Women of Color Against Violence

NOTA: Essas ideias têm sido geradas de várias comunidades envolvidas com os Institutos Ativistas da Incite! e workshops. A Incite! não endossa estratégias particulares. Reconhecemos que o que funciona em uma comunidade pode não funcionar em outra comunidade, e de que algumas dessas estratégias podem não funcionar em qualquer comunidade. O propósito desse documento é fornecer ideias e descarregar o desenvolvimento de estratégias adicionais que possam auxiliar na promoção de responsabilidade comunitária na questão da violência contra mulheres de cor. Se você possui ideias adicionais, princípios, preocupações e/ou estratégias que gostaria de adicionar a esse documento de trabalho, por favor contate-nos em incite_national@yahoo.com ou 484-932-3166. Continuaremos a atualizar esse documento assim que obtermos pareceres.

Princípios

1) Princípio de Ação Coletiva: a confiança no sistema de justiça criminal tomou poder à distância da habilidade das mulheres de se organizarem coletivamente para parar a violência e tem investido esse poder no interior do Estado. O resultado é o de que as mulheres que buscam reparação no sistema de justiça criminal de sentem desempoderadas e alienadas. Isso também tem promovido uma abordagem individualista para parar a violência, tanto que a única maneira pela qual as pessoas pensam que podem intervir para fazer parar a violência é chamar a polícia. Essa confiança tem deslocado nosso foco em desenvolver maneiras pelas quais as comunidades podem coletivamente responder à violência. Assim, as estratégias da responsabilidade da comunidade requerem ação coletiva. Se fizermos a pergunta “O que posso fazer?”, então a única resposta será chamar a polícia. Se fizermos a pergunta “O que podemos fazer?”, então poderemos nos surpreender sobre o número de estratégias que podemos imaginar.

2) Princípio de Priorizar a Segurança de Sobreviventes: muitas estratégias de responsabilidade comunitária têm sido desenvolvidas sob o modelo da “justiça reparadora”. No entanto, estamos a entender que tais modelos muitas vezes não priorizam a segurança de sobreviventes. São constantemente coagidos a ir em frente com estratégias de mediação de forma a “manter a paz”. Além disso, a Aboriginal Women’s Action Network reporta que, no Canadá, os modelos de “justiça reparadora” têm sido usados por perpretadores brancos para escapar de responsabilidade pela violência cometida contra as mulheres nativas. Elas reportam que um homem, o bispo Hubert O’Conner, foi sentenciado com múltiplas instâncias de assédio sexual de meninas e meninos aborígenes. Quando visto como culpado, sua punição foi participar de um círculo de cura com suas vítimas. Elas também se queixam de que muitos desses modelos são denominados “indígenas” e, por isso, populações nativas devem usá-los, mesmo que não carreguem qualquer similaridade com as formas de justiça que nações indígenas particulares utilizam. Qualquer estratégia de responsabilidade comunitária será ineficaz se contar com uma noção romantizada da “comunidade” que não consigna a realidade do sexismo e homofobia no interior de nossas comunidades. Além disso, é importante enquadrar as estratégias de responsabilidade comunitária como uma questão de se ou não uma sobrevivente deve chamar a polícia se ela está sob ataque. A questão não é “ela deve chamar a polícia”. As questões são “por que essa é a única opção dela?” e “podemos fornecer outras opções de a deixarão verdadeiramente segura?”.

3) Princípio de Auto-determinação: estratégias de responsabilidade comunitária não funcionarão em todas as comunidades a todo tempo. Cada estratégia deve ser avaliada no interior do contexto da comunidade e ser constantemente reavaliada para sua eficácia e justiça.

4) Princípio de Repensar e Construir a Comunidade: o termo “comunidade” é geralmente pensado em termos de geografia. Dada a mobilidade das pessoas, particularmente em extensas áreas urbanas, não é claro como podem ser essas estratégias sob esses contextos. No entanto, podemos expandir nossa noção de comunidade para incluir comunidades baseadas em afiliações religiosas, de emprego, de hobbies, atléticas, etc., e nos esforçar para desenvolver estratégias baseadas naquelas comunidades. Por exemplo, um homem foi banido de uma comunidade por ter cometido incesto. No entanto, ele simplesmente se mudou daquela área. Mas porque ele era um acadêmico muito conhecido, a família o manteve responsabilizado na comunidade acadêmica para seguí-lo quando ele dava palestras acadêmicas, expondo sua história.
Além disso, a fim de ter responsabilidade comunitária, nosso trabalho pode também incluir construir comunidades onde foram fraturadas, para que estejam numa posição de manter seus membros responsabilizados.

5) Princípio de Expor a Ineficácia do Sistema de Justiça Criminal Para Consignar a Violência de Gênero: por causa das dificuldades em desenvolver estratégias de responsabilidade comunitária, muitos defensores da anti-violência argumentam que depender do sistema de justiça criminal é nossa única “alternativa”. Deve ser reconhecido, no entanto, que o sistema de justiça criminal não é em si mesmo uma alternativa. Ele não somente não promove segurança para mulheres como uma estratégia global (no entanto pode assim ser em casos individuais) como, na realidade, coloca as mulheres em grande perigo de violência, particularmente a violência do Estado (essas questões são discutidas no Incite – Critical Resistance Statement on Gender Violence and the Prison Industrial Complex). No final, a única coisa que irá parar a violência contra as mulheres de cor é quando nossas comunidades não mais tolerarem isso. Desenvolver essas estratégias é difícil porque elas implicam em consignar as causas de raiz da opressão – racismo, sexismo, homofobia e exploração econômica – mas, ao final, é somente através da construção de comunidades de resistência e responsabilidade que podemos esperar parar com a violência contra mulheres de cor.

Preocupações/Perguntas a Ponderar/Questões

1) Como nós incorporamos a justiça nas nossas estratégias de responsabilidade comunitária? Se não contarmos com o Estado para julgar casos de violência de gênero, então como nós garantimos justiça e equidade antes de manter responsáveis os perpretadores? Como garantimos que não nos tornemos em grupos vigilantes? Se desenvolvermos processos para julgar casos no interior do contexto da comunidade, estaremos simplesmente a replicar uma mini-versão do aparato opressivo do Estado nas nossas comunidades?
Alguns modelos desenvolvidos a partir de consignar a violência em comunidades LGBTI podem ser úteis uma vez que reportam que eles não podem admitir que quando alguém liga dizendo que sofreu abuso é porque isso necessariamente é verdadeiro porque eles relatam que agressores também sempre ligam dizendo que foram abusados. Portanto, eles desenvolveram ferramentas para aferir o que realmente está se passando na situação. Tal modelo tem sido desenvolvido pela Northwest Network em Seattle. Eles possuem toda uma lista de perguntas para determinar o que está se passando na situação. É importante que exista um processo, assim os agressores não conseguem manipular o processo da responsabilidade comunitária contra o sobrevivente.

2) Quais são os limites das formas aceitáveis de responsabilidade comunitária? Por exemplo, tudo bem responder a perpretadores com violência física? Sequer consideraríamos tais atos violentos? Como determinamos quais estratégias são aceitáveis ou não?

3) Algumas estratégias dependem de banir da comunidade ou condenar ao ostracismo o perpetrador. Por um lado, pode ajudar a pessoa que foi vitimizada a não ver mais aquela pessoa. De outro lado, essa estratégia é simplesmente a mesma da abordagem do sistema prisional que também bane as pessoas da comunidade. Além disso, se a pessoa deixa a comunidade, ela vai simplesmente abusar de pessoas em outra comunidade, e se perderá sua capacidade de manter ele/ela responsabilizado? Devem haver maneiras de manter a pessoa na comunidade, sem a pessoa diretamente afetado por ele/ela ter que ver essa pessoa. O que presumimos que não há nenhum “fora” de nossa comunidade? Outra abordagem que tem sido usada para manter a pessoa lá, mas para sancionar ele/ela, é tal como todos os membros se recusando a mostrar afeto a ele/ela. É também importante que uma comunidade de responsabilidade não se torne uma comunidade que simplesmente permite o abuso. Tal que às vezes os perpetradores regularmente “confessam” seus pecados à comunidade, mas então continuam fazendo a mesma coisa. Outra questão relacionada é ter certeza de que a pessoa é tirada de sua posição naquela comunidade. Deve também ser entendido que qualquer estratégia de responsabilização para fazer alguém mudar seu comportamento é provável de levar anos para que realmente mude a pessoa.

4) Algumas preocupações tem sido levantadas sobre a humilhação pública e a saída. Para alguns grupos, tem sido eficaz. Tem sido relatado que usar essa abordagem em comunidades gays (e isso pode ser verdadeiro em outras comunidades também) na verdade intensifica a violência.

5) Que linguagem devemos usar para descrever aqueles que utilizam violência e aqueles que sofrem dela? A maioria da nossa linguagem é derivada do quadro da justiça criminal – vítima/perpetrador. Existe outra linguagem que seria mais apropriada?

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tradução anonima